terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Casamento

Aliança de Casamento

A máxima dos filósofos gregos de que o "homem é um ser de necessidades" foi transmudada para "o homem é um ser social" pelos antropocentristas do Renascimento. O que, evidentemente, é um jogo de palavras, que não tem o poder de alterar a realidade: o homem continua sendo um ser de necessidades. Precisamos de outras pessoas para continuar vivendo, e continuar... existindo.
Robinson Crusoé, aquele cara que vivia numa ilha perdida no meio do pacífico (lembra dele?), com certeza seria o último de sua espécie, se não pudesse encontrar alguém (do sexo oposto) com quem pudesse dividir o futuro e ter filhos.
Há uma ignorância muito grande acerca do casamento entre as pessoas do mundo todo. E, infelizmente, também dentro de nossas igrejas.
O que é exatamente um casamento? As pessoas não sabem exatamente o que é casamento. E, nos tempos moder-nos, as pessoas que se casam já vão para o casamento com a idéia de que "se não der certo, separa", como se fosse uma reles aposta, onde é possível ganhar ou... perder.
Aliás, é bem possível que você já tenha ouvido gente dizer que casamento é como uma loteria. Se for, podemos desistir de ter um casamento feliz. A loteria esportiva tem 999.999 números. Isto significa uma chance em um milhão. Em outras palavras, nesta ótica, somente um casal em um milhão seria feliz.
Dentro de uma ótica humana, e social, o casamento é algo como o encaixe de duas partes de uma mesma moeda, que se unem em torno de objetivos comuns. Duas pessoas com valores, referências, e objetivos muito distintos não vão permanecer muito tempo juntos.
Numa outra visão, um casamento é um relacionamento de duas pessoas de sexos opostos, onde deve haver dois elementos: sexo e amizade. Os cônjuges devem ser amigos e amantes. Não apenas amigos, mas também amantes. Não apenas amantes, mas também amigos. E isto é uma coisa rara (infelizmente) entre os casais.
Na maior parte dos casos são apenas amantes, que se unem numa conjunção carnal com o fito de descarregar as energias eróticas que a Natureza dotou ao ser humano. Mas não são amigos. Não se confiam um ao outro, e nem confiam um no outro.
Sabe, nós nos afastamos dos amigos que nos tratam com leviandade, aspereza, interesse, ou qualquer outro fator negativo. Mas quanto aos cônjuges, o afastamento não é assim tão simples por causa dos "eternos laços do matrimônio". O que fazer?
Você já percebeu que nós evitamos fazer um monte de coisas aos nossos amigos? Mas não temos o mesmo cuidado quando se trata de nossos cônjuges? Isto é, nós tratamos melhor nossos amigos do que aos nossos cônjuges. E por isso, nós damos mais ouvidos aos nossos amigos do que aos nossos cônjuges. Nossos cônjuges não são nossos amigos... Uma pena.
Casamento
Casamento é, antes de tudo, uma instituição divina. Deus instituiu o casamento, e impôs algumas bases e diretrizes. Alguns "requisitos".
Os seres humanos são constituídos de três partes: corpo, alma e espírito. Um casamento é uma união entre estas três partes de duas pessoas de sexos opostos.
Se não houver a união entre estas três partes, o casamento tem muito pouca chances de sobreviver ao tempo...
Na verdade, uma grande parte das uniões matrimoniais que nós vemos por aí, são casamentos de aparências ou conveniências. São pessoas que já não se sentem bem na companhia do cônjuge. Na verdade, em alguns casos, a ausência dá mais prazer do que a presença. Em outros casos, tanto faz a presença como a ausência. É indiferente.
No primeiro caso, os cônjuges pensam: ruim com ele(a), pior sem ele(a). No segundo caso, os cônjuges simplesmente se acostumaram um com o outro. Não há mais paixão e carinho, mas uma coisa mecânica, repetitiva e rotineira.
1 - UNIÃO DE CORPOS
Ao contrário do que pensam as pessoas, a simples união de dois corpos, em busca de prazer não é suficiente para a manutenção de um relacionamento.
A beleza de um corpo não é suficiente para manter um relacionamento. Nós vivemos numa era de pessoas hedonistas, pessoas que estão em busca do prazer. Você já ouviu a expressão: "o que importa é o prazer"? Pois é. É uma expressão destrutiva e diabólica.
Você já deve ter ouvido a expressão "gosto de tal pessoa", ou algo semelhante. Gostar é um termo egoísta, que significa "me agrada". Nós gostamos de algo ou alguém que, por um motivo ou outro, nos agrada, nos atrai, e nos fascina. Ocorre que o nosso gosto está sujeito à fadiga, ao cansaço, ao desgaste, gerando o que chamo de "efeito chiclete". Você já ouviu falar do "efeito chiclete"? Não? Bem, vamos lá, então. Chicletes são gomas de mascar. Aqueles pedaços de restos de petróleo aos quais são colocados cores e sabores. Esses pedaços de borracha mole são mastigados por algumas horas (ou minutos) até que perdem o sabor. Então são jogados no lixo.
Casamento
O problema que está a ocorrer é que algumas pessoas (algumas?) usam as outras como se fossem chicletes. Elas ficam juntas com outras pessoas que, por um motivo ou outro, lhes agradam, usando-as, sugando-as, espoliando-as, usufruindo delas, às vezes desfilando com elas como se fossem troféus. E chega um dia em que acaba o gosto, a paixão e a doçura de sua companhia. Quando então tais pessoas são descartadas, abandonadas, jogadas no lixo, desprezadas, com a seguinte explicação: acabou-se o que havia entre nós. Só que pessoas não são chicletes, não são coisas. São pessoas, são seres humanos que tem sonhos, valores, aspirações, desejos, almas que necessitam de carinho, amor e compreensão.
Podemos ver o "efeito chiclete" em casais que são invejados, cobiçados por milhões de pessoas no mundo todo. São ricos, famosos e bonitos. Mas que também estão sujeitos ao problemas comuns aos mais comum dos casais. Você já deve ter visto ou ouvido falar de Bruce Willis e Demi Moore. São ricos, bonitos e famosos. Passaram onze anos casados. E se separaram. Por quê? Porque não estavam mais se entendendo. Porque se cansaram da beleza um do outro. Porque a paixão acabou. O "gosto do chiclete" se perdeu ao longo dos anos tornando a convivência estéril, insossa e, talvez, até mesmo odiosa... A beleza de um corpo não é suficiente para a manutenção de um relacionamento.
Quando uma pessoa se apaixona por outra, invariavelmente está interessada no que pode obter, sugar, retirar, gozar, usufruir. Como uma fonte que mais cedo ou mais tarde vai se secar, ou... como um chiclete que vai perdendo o gos-to. É o que também acontece com a paixão: não resiste ao tempo. E desaparece como a neblina sob o calor do sol. A paixão é egoísta, e busca satisfazer o desejo do apaixonado.
A própria beleza é volátil, efêmera, transitória, passageira. Há algum tempo Isabella Rosselini, filha de Ingrid Bergman, nascida de seu relacionamento com Roberto Rosselini, foi demitida da agência de modelos para a qual trabalhava. Já está com mais de 40 anos de idade, e continua linda como sempre foi, mais não mais o suficiente para os padrões do mundo da moda.
A beleza de um corpo não é suficiente para a manutenção de um relacionamento. Não apenas a beleza, mas quaisquer atributos sobre os quais fundamentamos nossos sentimentos.
O segredo de um relacionamento produtivo e duradouro, é não dar muita importância ao que podemos receber do outro, mas sim o que podemos fazer pelo outro. O que acontece é que algumas pessoas (algumas?), inconscientemente, estão em busca da satisfação de suas necessidades de carinho e companhia. Até que acaba o encanto, a doçura e o mistério e as coisas começam a "andar pra trás". Mas não compreendem porque as coisas não dão mais certo entre si.
Outras pessoas (uma grande maioria), agem de forma consciente e deliberada: estão apenas a usar as outras pessoas para seus propósitos egoístas. Depois que conseguem o prazer que desejam... abandonam "o bagaço" sem o menor pudor ou cerimônia.
Eu gostaria de colocar nesta oportunidade que ninguém jamais será feliz sobre as ruínas da vida de outras pessoas. Utilizar-se de outras pessoas para conseguir o que se deseja (prazer, diversão, fama, fortuna, jóias, etc.), é uma prática perniciosa e destrutiva. E utilizar-se do próprio corpo para conseguir o desejado é uma coisa que a Bíblia chama de "prostituição".
Amar é dar maior importância à felicidade da pessoa amada do que à própria felicidade. Nós somos felizes à medida que fazemos com que as pessoas que estão conosco sejam felizes.
2 - UNIÃO DE ESPÍRITOS
Certa vez ouvi que casar é como pegar um ônibus, temos que entrar num que vá para onde queremos ir.
Pode parecer gozado, mas concluí que a afirmação é verdadeira. Não adianta tomarmos um ônibus ultra confortável, último tipo, com todos os acessórios modernos possíveis, se seu destino não for o nosso. Mais cedo ou mais tarde teremos que deixá-lo.
A propósito, Wim Malgo conta a respeito de um jovem que queria trabalhar com jovens; ele tinha seis possíveis pretendentes e falou a todas a respeito de seu projeto de vida. Cinco delas desistiram e ele se casou com a sexta que tem sempre alguém mexendo na geladeira de casa ou precisando de lençóis limpos.
Os futuros cônjuges devem saber o que exatamente querem que seja feito em suas vidas. Se os almejados forem demasiadamente distintos, não embarque numa canoa furada. É o que ocorre freqüentemente com pessoas que têm entre si credos diversos, um grande desnível intelectual, ou mesmo econômico, ou pessoas de culturas originárias diversas.
Ressalvo, porém, que não estou de modo algum afirmando que tais uniões estejam fadadas ao fracasso, mas que o amor é delicado demais para suportar os tão grandes e freqüentes reveses que inevitavelmente virão. Duas pessoas nunca andarão juntas se entre elas não houver acordo. Não exatamente concordância, mas acordo.
Os cônjuges deverão saber exatamente o que querem de suas vidas. Se o objetivo de ambos forem demasiadamente díspares, não embarque numa canoa furada.
3 - UNIÃO DE ALMAS
Olavo Bilac, um poeta simbolista que morreu já fazem alguns anos, disse, a uma certa altura de sua carreira, que devemos "deixar nossos corpos se entenderem, porque nossas almas nunca se entenderão".
Confesso que às vezes sou tentado a acreditar que o poeta estava certo, tamanha a dificuldade de se unir duas almas de sexos opostos. Aliás, o Autor de Eclesiastes diz que não encontrou uma mulher entre mil, que se enquadrasse em suas exigências (Ecl.7:28). Isso pode até ter sido arrogância do Pregador, mas o fato é realmente nunca va-mos encontrar alguém que se enquadre em nossas exigências.
Você lembra do Dr.Spock? Um personagem do seriado "Jornada nas Estrelas". Um ser alienígena, um vulcano cuja principal característica era não ter sentimentos, não ter emoções. Era totalmente racional. Totalmente dirigido pela ordem e pela razão. Isto fazia com que não tivesse que enfrentar as "armadilhas do coração". Mas também a sua vida não tinha cor e nem sabor.
Duas almas apaixonadas estão inegavelmente unidas. Amantes tem suas almas unidas pelo desejo.
A união de duas almas unidas pelos laços do sagrado matrimônio somente vão se unir com o decurso do tempo, com o longo, duro, gradual e doloroso processo de ajustamento conjugal.
Não tenha ilusões, e nem se deixe enganar pela propaganda mentirosa, falsa e destrutiva da TV, dos livros e das revistas que são editadas por quem não tem o mínimo conhecimento da Bíblia e nem sequer sabem o que significa
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"o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Salmos 111:10).

Homens são diferentes das mulheres, e as diferenças, as reentrâncias de suas personalidades devem servir para se completar, se complementar, e não para causar brigas e desentendimentos. Por isto pessoas muito iguais nunca devem se unir. Nunca haverá encaixe em suas personalidades.
Nós sempre esperamos que as pessoas façam o que nós faríamos, e que reajam como nós reagiríamos. E não é diferente num casamento. Os homens esperam que suas mulheres ajam e reajam como se fossem homens. E as mulheres esperam que seus maridos ajam e reajam como se fossem mulheres.
Cada qual deve entender que os anseios, as aspirações, e as necessidades de ambos não são iguais. São diferentes. E devem ser respeitadas, compreendidas e... aceitas.
O que freqüentemente acontece é que cada um não quer se submeter ao seu cônjuge. Mas quer (e exige) que seu cônjuge se adeqüe às suas próprias necessidades. Isto é, não quer ser e fazer o que cônjuge precisa e necessita, mas exige que o cônjuge se mutile, se transforme naquilo que sempre quis e sonhou.
Não existem "almas gêmeas". Não existem almas que foram feitas um para o outro. Esta é uma visão poética, fantasiosa e idealista que está na visão imaginária dos apaixonados e dos cantores que vendem ilusões.
Não existem casamentos perfeitos, porque não existem homens e mulheres perfeitos.
O que existem são casamentos que vão se aperfeiçoando a cada dia, com o aperfeiçoamento dos cônjuges. Cônjuges que vão renunciando aos seus propósitos egoístas, à sua arrogância e prepotência para se dedicar ao outro.
Você está pronto(a) para encarar esse desafio?
O que for feito fora desses padrões somente trará dor e sofrimento para todos. Principalmente para os familiares. Para as pessoas que estão junto contigo, e te amam, e te querem bem.

"Ponde-vos à beira do caminho e perguntai às veredas antigas qual o bom caminho. Andai nele e encontra-reis descanso para vossas almas" (Jer.6:16).

Colunista: Pastor Amilton

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